05 março 2009

Avôs de presente

Eu tenho 6 avós, todos vivos e saudáveis. Quatro deles pais do meu pai e da minha mãe, os outros dois que eu ganhei da vida, que são pais do marido da minha mãe. No final das contas tenho mais contato com esse dois avós ganhados do que com os outros, afinl moramos na mesma cidade e tudo o mais.

Eles são duas pessoas incríveis, vieram fugidos da II Guerra da Hungria em plena adolescência acompanhados de seus pais e irmãos. Chegaram no Brasil sem saber uma só palavra desta língua tropical e nem tampouco conhecendo os costumes destas terras. Atracados no porto do Rio de Janeiro, logo tiveram que se acostumar com a nova vida encalorada e bagunçada que estas terras ofereciam. Aqui no Brasil se reencontraram, casaram-se e logo partiram para o Canadá para que meu avô seguisse seus estudos. Lä ficaram por 3 anos, tiveram seu primeiro filho e tão logo terminado o curso do meu avô voltaram ao Brasil para se consolidar como uma familia.

Eles sempre dizem que essa foi a melhor escolha que fizeram, afinal comparando com os outros paises no mundo o Brasil é a melhor opção.

Sempre que posso vou jantar com eles para contar as novidades e fazer um update das nossas vidas. São sempre conversar muito boas, regadas com um gostoso vinho e um delicioso salmão. Conversas que vão de política nacional e internacional, passando pelo nível pluviométrico na fazenda localizada no Vale do Paraíba, espiritualidade e questões de consciência, até o andamento do último Fórum Social Mundial.

Com eles eu sempre aprendo muito. Aprendo um pouco mais sobre conviência e sobre respeito. E também sobre generosidade e capacidade de mudança. Eles são pessoas que depois de passados anos da vida, continuaram aberto para mudar a experimentar coisas assim, como diz meu avô, "que ficam numa zona que não se entende". Minha avó uma exímia praticante de yoga há décadas, estudante de tarot, estudante e praticante de I Ching. Foi dela que eu ganhei o meu Bhaghavad Gita, o livro sobre Tarot e Jung meu baralho de Tarot. Meu avô, um exímio conhecedor de árvores, que levanta e vai caminhar pela fazenda todos os dias quando o orvalho ainda tá nas folhas para conversas com a árvores e tratá-las. Tomador de florais brasileiros do Joel Aleixo por anos e também conselheiro de importantes organizações que estão pensando um novo jeito de estar no mundo.

Hoje, me dizia minha avó: "o importante é viver no presente! Afinal o passado já foi e o futuro ainda vai ser e eles nada têm para nos dizer." E meu avô dizia, "o bom é não ficarmos parado em lugar nenhum, estar sempre em movimento..."

E como toda vez que os encontro, saí de lá com vontade de dizer-lhes o quanto aprendo com eles e como eles são importante para minha vida, minha formação de pessoa e de alma. Quero dizer-lhes o quanto sou grata por te-los ganhado de presente na vida e que os amo muito por serem tudo isso e mais um pouco na minha história. Mas sempre me faltam as palavras, os abraços e beijos de despedida tomam lugar e lá se vai mais uma oportunidade de expressar esse amor...

Um comentário:

  1. Acho que o que a gente sente pode ser transmitido sem palavras. Eles devem saber o que você sente por eles, fica tranquila. Não precisa "oficializar" o amor.

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