Ontem foi um dia cheio de reflexões! Um dia inteiro de oficina com o Allan Kaplan sobre "Formas Alternativas de Ver". Ufa!!! De pirar o cabeção... Mas isso fica para um próximo post - a medida em que for digerindo o que vivenciei... A noite, conversando com meu vizinho, me despertei para uma visão que nunca tinha tido, apesar de por muitas vezes ter buscado entender melhor e pensar a esse respeito sem muito sucesso: as possibilidades em parceria com o governo.
E chegando aqui no Ning agorinha fiquei muito feliz em poder compartilhar o que fiquei pensando sobre isso. E mais do que isso, fazer um convite para pensar junto, fazer um proposta de projeto, sei lá, dar mais consistência para isso.
Então vamos lá...
Me dizia meu amigo, que é dançarino e músico, que ele está trabalhando desde o ano passado num programa da prefeitura chamada Vocacional, que tem como objetivo impulsionar e melhorar a produção artistica de grupos musicais, de dança e teatro pela cidade. Ele então é contratado por um bom período do ano para dar suporte a grupos musicais em um CEU da zona sul duas vezes por semana. Me contava ele que esta experiencia tem sido muito rica no sentido de expandir sua visão sobre a cidade e por possibilitar que ele trabalhe com um publico tão diferente desse a que estamos acostumados da Vila Madalena e cia ltda.
Enquanto ele ia me contando isso, eu pensava comigo: "Nossa quero fazer isso também!" Me imaginava tendo encontros periódicos com pessoas de regiões distantes da minha realidade com o propósito de construir alguma coisa em conjunto a partir dessa minha prática de facilitação de desenvolvimento. E tentei me lembrar se já conheci ou ouvi falar de alguem que tivesse sido contratado pelo governo para prestar esse tipo de serviço, como faz o meu amigo músico e outros artistas que conheço. Não consegui. O mais perto que cheguei, foram conhecidos formados em sociologia que trabalhavam como educadores (de informática e coisas do gênero).
E isso me fez pensar:
Como seria um projeto de desenvolvimento social local da prefeitura de São Paulo para oferecer a população uma "consultoria" em processo de desenvolvimento?
Qual seria o impacto para o desenvolvimento social da cidade se o governo oferecesse formação sobre direitos e deveres do cidadão, legislação, controle social e accountability?
Qual seria o impacto se o governo contratasse profissionais de desenvolvimento para auxiliar a formação de lideranças locais para mobilizar a ação conjunta local em prol do desenvolvimento social?
Algumas coisas me vêem em mente sobre isso. A primeira delas é que essa seria mais uma forma de aproximar o governo da população com base na ação para o coletivo, para bem comum e o desenvolvimento de todos. Pois eu pessoalmente não considero o governo com um ator/receptor das minhas ações sociais. E mais do que isso, só vislumbro a possibilidade de ação em conjunto a partir de um convênio de um projeto de uma ONG ou trabalhando em alguma de suas instâncias.
Esta relação de contratação de profissionais para serem consultores para a população abre a possibilidade de uma relação produtiva e generativa com o governo e com a própria população. E Me parece ter uma qualidade diferente daquela estabelecida quando uma organização social é contratada para realizar um determinado projeto. Não sei exatamente porque e o que é essa qualidade, mas sinto que tem a ver com o fato de não haver a defesa de uma determinada agenda, e sim a "prestação de um serviço" para um propósito coletivo que está baseado exclusivamente no know-how destes profissionais contratados.
Isso sem contar com o impacto que eu imagino que essa abordagem teria nas pessoas que participassem do processo. Elas por sua vez teriam conhecimento e, espera-se alguma prática, sobre as ferramentas para fazer acontecer as mudanças sociais necessárias, seja mobilizando sua comunidade para ação, propondo projetos, seja demandando dos orgãos responsáveis o que lhes é de direito, seja fiscalizando o orçamento dos orgão responsáveis e cobrando eficiência e ação, quanto acessando o Ministério Público quando necessário para fazer valer as leis. A população por sua vez sentiria-se mais próxima do governo, não de uma abordagem de quem pede e reclama, mas de quem cria com, e pensa e age por si.
Enfim, tudo isso me inspirou a buscar os governos e suas instancias para entender melhor sua lógica e assim pensar em formas de chegar para ajudar na sua abertura para novas formas de trabalhar e assim realmente responder ao seu proósito, cada vez melhor.
Eu quero fazer parte desta nova forma de trabalhar!
Cabeza! cabeza! me gusta como piensas.
ResponderExcluirConversaremos melhor sobre isso, não?
ResponderExcluirPassei aqui pra deixar um beijo mas não só; gostei muito da história desse teu post (do Vocacional). Além de ser uma iniciativa que parece ter resultados legais também levanta o ponto de como o governo - ou a gestão, não vou entrar no mérito - está vendo outras formas de educação. Eu acho que existem iniciativas como essa além da área artística. Sobre a idéia, realmente seria mais legal ainda se essas consultorias tivessem propósito além da geração de renda, alcançando a formação comunitária como você disse. Discussões políticas a parte, sou otimista e acho possível...
ResponderExcluirSaudades Tinoca, continue com o blog!