08 abril 2009

Trabalhando com o Governo

Ontem foi um dia cheio de reflexões! Um dia inteiro de oficina com o Allan Kaplan sobre "Formas Alternativas de Ver". Ufa!!! De pirar o cabeção... Mas isso fica para um próximo post - a medida em que for digerindo o que vivenciei... A noite, conversando com meu vizinho, me despertei para uma visão que nunca tinha tido, apesar de por muitas vezes ter buscado entender melhor e pensar a esse respeito sem muito sucesso: as possibilidades em parceria com o governo.

E chegando aqui no Ning agorinha fiquei muito feliz em poder compartilhar o que fiquei pensando sobre isso. E mais do que isso, fazer um convite para pensar junto, fazer um proposta de projeto, sei lá, dar mais consistência para isso.

Então vamos lá...

Me dizia meu amigo, que é dançarino e músico, que ele está trabalhando desde o ano passado num programa da prefeitura chamada Vocacional, que tem como objetivo impulsionar e melhorar a produção artistica de grupos musicais, de dança e teatro pela cidade. Ele então é contratado por um bom período do ano para dar suporte a grupos musicais em um CEU da zona sul duas vezes por semana. Me contava ele que esta experiencia tem sido muito rica no sentido de expandir sua visão sobre a cidade e por possibilitar que ele trabalhe com um publico tão diferente desse a que estamos acostumados da Vila Madalena e cia ltda.

Enquanto ele ia me contando isso, eu pensava comigo: "Nossa quero fazer isso também!" Me imaginava tendo encontros periódicos com pessoas de regiões distantes da minha realidade com o propósito de construir alguma coisa em conjunto a partir dessa minha prática de facilitação de desenvolvimento. E tentei me lembrar se já conheci ou ouvi falar de alguem que tivesse sido contratado pelo governo para prestar esse tipo de serviço, como faz o meu amigo músico e outros artistas que conheço. Não consegui. O mais perto que cheguei, foram conhecidos formados em sociologia que trabalhavam como educadores (de informática e coisas do gênero).

E isso me fez pensar:

Como seria um projeto de desenvolvimento social local da prefeitura de São Paulo para oferecer a população uma "consultoria" em processo de desenvolvimento?

Qual seria o impacto para o desenvolvimento social da cidade se o governo oferecesse formação sobre direitos e deveres do cidadão, legislação, controle social e accountability?

Qual seria o impacto se o governo contratasse profissionais de desenvolvimento para auxiliar a formação de lideranças locais para mobilizar a ação conjunta local em prol do desenvolvimento social?

Algumas coisas me vêem em mente sobre isso. A primeira delas é que essa seria mais uma forma de aproximar o governo da população com base na ação para o coletivo, para bem comum e o desenvolvimento de todos. Pois eu pessoalmente não considero o governo com um ator/receptor das minhas ações sociais. E mais do que isso, só vislumbro a possibilidade de ação em conjunto a partir de um convênio de um projeto de uma ONG ou trabalhando em alguma de suas instâncias.
Esta relação de contratação de profissionais para serem consultores para a população abre a possibilidade de uma relação produtiva e generativa com o governo e com a própria população. E Me parece ter uma qualidade diferente daquela estabelecida quando uma organização social é contratada para realizar um determinado projeto. Não sei exatamente porque e o que é essa qualidade, mas sinto que tem a ver com o fato de não haver a defesa de uma determinada agenda, e sim a "prestação de um serviço" para um propósito coletivo que está baseado exclusivamente no know-how destes profissionais contratados.

Isso sem contar com o impacto que eu imagino que essa abordagem teria nas pessoas que participassem do processo. Elas por sua vez teriam conhecimento e, espera-se alguma prática, sobre as ferramentas para fazer acontecer as mudanças sociais necessárias, seja mobilizando sua comunidade para ação, propondo projetos, seja demandando dos orgãos responsáveis o que lhes é de direito, seja fiscalizando o orçamento dos orgão responsáveis e cobrando eficiência e ação, quanto acessando o Ministério Público quando necessário para fazer valer as leis. A população por sua vez sentiria-se mais próxima do governo, não de uma abordagem de quem pede e reclama, mas de quem cria com, e pensa e age por si.

Enfim, tudo isso me inspirou a buscar os governos e suas instancias para entender melhor sua lógica e assim pensar em formas de chegar para ajudar na sua abertura para novas formas de trabalhar e assim realmente responder ao seu proósito, cada vez melhor.

Eu quero fazer parte desta nova forma de trabalhar!

3 comentários:

  1. Cabeza! cabeza! me gusta como piensas.

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  2. Passei aqui pra deixar um beijo mas não só; gostei muito da história desse teu post (do Vocacional). Além de ser uma iniciativa que parece ter resultados legais também levanta o ponto de como o governo - ou a gestão, não vou entrar no mérito - está vendo outras formas de educação. Eu acho que existem iniciativas como essa além da área artística. Sobre a idéia, realmente seria mais legal ainda se essas consultorias tivessem propósito além da geração de renda, alcançando a formação comunitária como você disse. Discussões políticas a parte, sou otimista e acho possível...
    Saudades Tinoca, continue com o blog!

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