Em dias como estes em que nas manchetes de quase todos grandes jornais o tema continua sendo crise, e que as conversas todas sempre acabam na famigerada, ouvi hoje dois fatos que me fizeram escrever sobre possibilidades.
Assistindo ao Jornal Nacional agora há pouco – coisa que não tenho feito há muito – vi passar dois acontecimentos que demonstram as possibilidades de mudanças que se prenunciam. Um deles foi a lavagem das escadarias do Senhor do Bonfim em Salvador que pela primeira vez, aconteceu com as portas abertas da referida Igreja e com as bênçãos da Igreja Católica. Depois de 300 anos deste ritual de uma tradição e religião essencialmente afro-descendente e, portanto, marginalizada por tanto tempo, as milhares de pessoas que acompanham a cerimônia puderam ter a sua fé e beleza honradas por representantes importantes de quem está inserido no tal sistema. Para mim isso não é sinal de crise, mas sim de transformação, de transmutação das velhas relações e manifestações coletivas e individuais. Outro acontecimento que me chamou a atenção foi o acidente com o Boeing da US Air no rio Huston em Nova York, em que cerca de 150 pessoas saíram completamente ilesas de um pouso de emergência 5 minutos após a decolagem. Dizia a matéria que as pessoas que assistiram a cena – imbuídos certamente da forte memória recente dos acontecimentos de 11 de setembro – estão chamando o acontecimento de milagre.
MILAGRE. Assim que ouvi essa palavra as sinapses do meu cérebro logo pularam gritando: “Quando foi a última vez que ouvi essa palavra dita numa conversa de bar?”
O quanto mesmo estamos acostumados a ouvir falar de milagres vividos por pessoas comuns como nós? De que precisamos para viver um milagre? O que se precisa para se fazer um milagre???
A abertura das portas da Igreja do Senhor do Bonfim durante a cerimônia da lavagem das escadarias é um milagre!
O fato de hoje existirem agora 46 jovens do Brasil e do mundo trabalhando arduamente sob o sol da baixada santista engajando comunidades mais do que pobres para sonhar e construir juntos com eles um espaço bom de se estar é um milagre!
E como estes tantos outros acontecimentos, mobilizações e fatos do dia a dia, que as vezes nos passam despercebidos na correria ou anuviados pelo pessimismo e insensibilidade que se tornam lentes para ver e viver o mundo por aí, são MILAGRES!!!
Nesta fase em que ruem as estruturas baseadas na ilusão e as relações ancoradas na desconfiança e na desintereza, novas formas de convívio começam a ganhar força. Pessoas perdem seus empregos por toda parte, talvez forçando a criação de outras e completamente novas formas de trabalho. Ao mesmo tempo em que tantas outras pessoas deixam seus empregos maçantes para buscar aquilo que lhes faz feliz, lhes preenche na verdade, além do dinheiro, indicando o caminho para um hoje chamado mercado que será diferente.
Para mim a crise tem a ver com essas possibilidades todas que se abrem à nossa frente. Tem a ver com um espaço vazio...para ser preenchido com a integridade de cada um de nós em valorizar o nosso melhor e o melhor do outro. Espaço vazio que pode ser preenchido de muito M-I-L-A-G-R-E-S!
PS: Vale a pena conferir o Programa Guerreiros Sem Armas – iniciativa dos jovens em Santos - citada acima: www.guerreirossemarmas.net
Participem nos dias 17, 25 e 26 de janeiro!!!
Farfalinda, farfaluz, farfavida, farfallina,
ResponderExcluirMuito inspirador seu texto. Arrasou no tema e nesta reflexão importante que você nos dá de presente. Seu blog está sua cara. Adorei.
Beijocas com amor. Franzuca.
Muito Bom! Realemente, a crise precisa existir. "Sem ela, não há mérito", como diz a vinheta do SBT.
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