Eu nunca consegui muito falar sobre a India e o tempo que passei por lá. Lembro-me que quando voltei ao Brasil, depois de um ano, o choque cultural aqui foi maior do que o choque que sofrera ao chegar lá. As pessoas nas ruas se beijando, as revistas de mulher pelada nas bancas, o som do portugues que entrava no meu ouvido e se fazia compreensivel, tudo era para mim uma surpresa, como se fosse uma indiana chegando ao Brasil pela primeira vez... Como tudo era tão diferente, sentia que as pessoas nunca entenderiam o que era a India e o que ela tinah sido para mim, por isso preferia falar pouco, e durante anos aquilo de mais valor que trouxera de lá ficara guardado numa gaveta num armarinho ao lado da cama, sem ser revelado e compartilhado com o mundo.
Passados exatos 3 anos desde que voltei, me bateu nesses dias uma saudades enorme de lá e a vontade de voltar ainda este ano. Nas semanas recentes a India tem voltado para mim em diferentes momentos: com amigos que já moraram lá conversávamos bastante sobre as curiosidades do lugar, o filme "quem quer ser um milionário?", um livro novo que estou lendo cuja história se passa entre Israel e India, enfim, coisas e mais coisas.
Então resolvi relembrar como fora a India para mim, relendo poemas e textos que escrevi quando lá estava ou durante minha chegada. Encontrei esse daqui:
Por um instante me vem aos sentidos as vendinhas de chai e cafe das ruelas e vilas de um India distante.
Eu, sentada num baquinho meio bambo, apoiando os ombros numa mesa ainda grudenta, o atendente se aproxima com aquele sorriso maroto e um pano de prato no ombro para tirar o meu pedido. Decido por m chai masala para acompahar uma torta de maça - do tipo européia.
Enquanto espero passando os olhos por algum livro ou folheto que me foi entregue, observo o vai e vem incessante na rua. Mulheres que passam com seus saris coloridos, marcando se passo com o chocalho de suas tornozeleiras, crianças com o cabelo lambido de óleo e sujeira, com as unhas negras de terras e de suor, os olhos marcador de kohl, que estedem a mão e levam a boca repetindo "rupee, chapati, chapati". Vespas tocando freneticamente suas buzinas, desviando aqui e acolá das pessoas, bicicletas, richshaws e vacas traçam rápido seu caminho por entre a multidão.
Tudo lá fora e e está num ritmo alucinante, funcionando num caos gritante que também divide lugar com uma certa ordem pulsante. Caos e ordem dançam junto nessa terra de tantos mistérios e encantos.
Disse me avô antes de eu partir para meu ano de viagem "uma viagem para India pode mudar a sua vida!". E mudou... de jeitos que ainda hoje não sei direito explicar ou até assimilar, ficou gravado bem dentro de mim.
qué maneras mas curiosas de recordar tiene uno. Así pasa pues. Así pasa. Viaje a la India. Puede ser, puede ser.
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