23 março 2009

Chai, chai, chai




Eu nunca consegui muito falar sobre a India e o tempo que passei por lá. Lembro-me que quando voltei ao Brasil, depois de um ano, o choque cultural aqui foi maior do que o choque que sofrera ao chegar lá. As pessoas nas ruas se beijando, as revistas de mulher pelada nas bancas, o som do portugues que entrava no meu ouvido e se fazia compreensivel, tudo era para mim uma surpresa, como se fosse uma indiana chegando ao Brasil pela primeira vez... Como tudo era tão diferente, sentia que as pessoas nunca entenderiam o que era a India e o que ela tinah sido para mim, por isso preferia falar pouco, e durante anos aquilo de mais valor que trouxera de lá ficara guardado numa gaveta num armarinho ao lado da cama, sem ser revelado e compartilhado com o mundo.

Passados exatos 3 anos desde que voltei, me bateu nesses dias uma saudades enorme de lá e a vontade de voltar ainda este ano. Nas semanas recentes a India tem voltado para mim em diferentes momentos: com amigos que já moraram lá conversávamos bastante sobre as curiosidades do lugar, o filme "quem quer ser um milionário?", um livro novo que estou lendo cuja história se passa entre Israel e India, enfim, coisas e mais coisas.

Então resolvi relembrar como fora a India para mim, relendo poemas e textos que escrevi quando lá estava ou durante minha chegada. Encontrei esse daqui:

Por um instante me vem aos sentidos as vendinhas de chai e cafe das ruelas e vilas de um India distante.

Eu, sentada num baquinho meio bambo, apoiando os ombros numa mesa ainda grudenta, o atendente se aproxima com aquele sorriso maroto e um pano de prato no ombro para tirar o meu pedido. Decido por m chai masala para acompahar uma torta de maça - do tipo européia.

Enquanto espero passando os olhos por algum livro ou folheto que me foi entregue, observo o vai e vem incessante na rua. Mulheres que passam com seus saris coloridos, marcando se passo com o chocalho de suas tornozeleiras, crianças com o cabelo lambido de óleo e sujeira, com as unhas negras de terras e de suor, os olhos marcador de kohl, que estedem a mão e levam a boca repetindo "rupee, chapati, chapati". Vespas tocando freneticamente suas buzinas, desviando aqui e acolá das pessoas, bicicletas, richshaws e vacas traçam rápido seu caminho por entre a multidão.

Tudo lá fora e e está num ritmo alucinante, funcionando num caos gritante que também divide lugar com uma certa ordem pulsante. Caos e ordem dançam junto nessa terra de tantos mistérios e encantos.

Disse me avô antes de eu partir para meu ano de viagem "uma viagem para India pode mudar a sua vida!". E mudou... de jeitos que ainda hoje não sei direito explicar ou até assimilar, ficou gravado bem dentro de mim.

Um comentário:

  1. qué maneras mas curiosas de recordar tiene uno. Así pasa pues. Así pasa. Viaje a la India. Puede ser, puede ser.

    ResponderExcluir